PM está entre presos por destruir provas contra grupo miliciano ligado ao deputado Binho Galinha
Um policial militar, que foi preso por suspeita de integrar um grupo miliciano ligado ao deputado estadual Binho Galinha, está entre os alvos da operação deflagrada nesta terça-feira (26) pela Polícia Federal. O PM, o seu advogado e a esposa de um dos suspeitos de integrar a organização criminosa teriam destruído provas digitais contra o grupo, que foi denunciado no fim do ano passado, quando teve seis integrantes presos. De acordo com o Ministério Público (MP), seria o líder da organização criminosa.
Delegado da Polícia Federal, Geraldo Sérgio Silva de Almeida descreveu como os alvos agiram para serem presos. “Ele estava preso desde a Operação El Patron, no dia 17 de dezembro de 2003. Ele foi atendido pelo advogado, que foi preso hoje, e combinou um acordo para que fossem destruídas as provas. O advogado teve o total conhecimento da sua conduta e sabia que era contrário ao regramento instituído pela OAB. Mesmo assim, ele resistiu nesse comportamento [ação de destruição das provas]”, explica.
Além dos dois, uma mulher também foi presa. De acordo com a Polícia Federal, ela cumprirá prisão em meio domiciliar por ser mãe de criança menor de 11 anos. A mulher é esposa de um dos investigados dessa operação. Questionado, no entanto, o delegado da PF não confirmou se ela seria casada com o PM. Porém, deu detalhes sobre onde e como foram realizadas as prisões desta terça.
“Como o PM já estava preso, foi expedido um novo mandado de prisão em face dele, tendo em vista que as investigações apontaram a sua participação. Por outro lado, o advogado foi preso na sua residência em Feira de Santana. Além disso, foi dado um mandado de busca e apreensão, que foi acompanhado por representantes da OAB, no escritório desse advogado”, fala Geraldo, afirmando que existe ainda um quarto investigado na operação que não foi encontrado.
Sobre os avanços na El Patrón, Ricardo Silva Machado, representante da Receita Federal, afirma que, mesmo com a destruição de indícios digitais, há ainda uma série de provas reunidas. “Já se verifica movimentações financeiras incompatíveis, bens não declarados, patrimônios descobertos, imóveis e outros indícios que a gente, da Polícia Federal e da Receita Federal, vai apurando em conjunto para uma denúncia futura contra todos os envolvidos”, fala.
Na área penal, os investigados foram presos pelo crime de embaraço a investigação de organização criminosa, cuja pena máxima é de 8 anos, visto que foi praticado para beneficiar uma organização criminosa que, no caso, é o grupo miliciano investigado. Já na Receita Federal, os crimes de sonegação tributária e lavagem de dinheiro serão apurados e representados. O deputado Binho Galinha foi procurado pela reportagem para falar sobre o caso, mas não retornou até a publicação dessa matéria.