Problemas em Escola Municipal afetam cerca de 300 estudantes do Vale do Capão

Problemas em Escola Municipal afetam cerca de 300 estudantes do Vale do Capão
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Escola Municipal do Vale do Capão
Escola Municipal do Vale do Capão Crédito: Reprodução

A falta de manutenção da estrutura física, desvalorização dos professores e funcionários e péssimas condições das estradas têm comprometido o ano letivo dos cerca de 300 alunos matriculados na Escola Municipal do Vale do Capão.

Situada em um dos principais pontos turísticos do nosso estado, a unidade de ensino sofre com goteiras nas salas, entupimentos em banheiros, portas e vidros quebrados, comprometimento da rede elétrica, dentre outros problemas que, além de inviabilizar as aulas ainda colocam em risco a integridade física de alunos e funcionários.

A diretora da escola, Rosângela dos Santos Mendes Muniz, conta que em 2022 foi iniciada uma reforma pela Prefeitura Municipal de Palmeiras, mas que o trabalho, além de não ter sido concluído, boa parte do que foi entregue não tem a devida qualidade.

“A pintura está descascando porque as paredes não foram lixadas, existem as pias que estão sem as cubas, o forro da cozinha já precisa ser reformado e um parquinho que conseguimos construir, em 2019, graças ao esforço dos pais nós solicitamos e reforma que até hoje não foi realizada”, disse.

Sem sucesso, também foi solicitada da prefeitura a poda e retirada dos frutos de uma jaqueira que fica em frente à escola e, sobretudo nos tempos de chuva, coloca a vida das pessoas que passam pelo pelo local em risco.

Por conta desses problemas, que se estendem há algum tempo, este ano muitos pais resolveram tirar seus filhos da escola municipal e matriculá-los na escola comunitária. Em 2023, pelo censo escolar, a capacidade da Escola Municipal do Vale do Capão era de 333 alunos. Este ano, ela já reduziu para 297.

Transporte comprometido

A chegada dos alunos na escola também se tornou um problema desde que, em 2022, o ônibus com 60 lugares doado pela prefeitura foi criminalmente incendiado. O veículo chegou a ser substituído por outro da mesma capacidade. Porém, pouco tempo depois, ele teve o para-brisa quebrado e, há um ano, está parado.

“Cada vez a prefeitura dá uma justificativa diferente. Uma hora diz que o vidro precisa de um reforço, outra vez que diz que está esperando o profissional que vai fazer o reparo. Mas o fato é que estamos há 365 dias sem esse ônibus”, disse Rosângela.

De maneira paliativa, foi contratado um micro-ônibus com 22 assentos que não dá conta da demanda. Muitos estudantes não têm transporte adequado, inclusive por morarem em regiões do Capão que não contam com nenhum serviço de transporte regular.

A diretora relatou ainda que o processo seletivo que contratou funcionários para a Escola Municipal do Vale do Capão não previu o transporte. Pelo fato de muitos funcionários morarem fora do Vale, eles precisam se aventurar na estrada Palmeiras/Capão ou contarem com a boa vontade das caronas.

“Se conseguirem carona, eles chegam. Quando não conseguem, faltam o trabalho. Já tentamos negociar com a prefeitura, mas não tivemos retorno algum”, disse Rosângela. Na semana passada, a escola foi obrigada a suspender as aulas devidos às chuvas que inviabilizou a locomoção pelas estradas.

Comissão

No dia 23 de fevereiro, foi realizada uma reunião onde foram convidados representantes do Conselho Tutelar, Secretaria de Educação, Conselho Municipal de Educação e Câmara de Vereadores. Os problemas foram debatidos e decidiu-se criar uma comissão para tratar do assunto.

O grupo apresentou as demandas à Câmara de Vereadores e à secretária de Educação, Isla Meira Morgane. Nesta semana, com a estiagem, a escola retomou as aulas. Os alunos que conseguem chegar participam das atividades e os que não conseguem sair de casa estão recebendo as atividades via Whatsapp.

Ameaças

Segundo Rosângela, ela vem recebendo ameaças através de perfis nas redes sociais criados com o objetivo de atingir a sua imagem. A diretora já foi ameaçada de sequestro, de morte e sofreu linchamento digital. “Fizeram a mesma coisa com o vice-diretor, disseram que ele era traficante, que agredia a esposa. Ele correu risco de linchamento”, relatou.

O caso foi denunciado à Polícia Civil, mas ainda não houve um retorno. “A delegada que nos atendeu é de Lençóis e trabalha em Palmeiras um dia por semana. Não desconfiamos de quem fez essas coisas e toda vez que alguém denunciava a página do Instagram, uma nova era criada”, disse.

Salário congelado e ameaça de greve

De acordo com Rosângela, desde 2022 os professores estão sem receber o reajuste do piso salarial. Foram feitas diversas tentativas de diálogo com a prefeitura, mas não houve acordo.

“Já tentamos uma greve que foi derrubada com uma liminar que nos cobrava uma multa diária de R$ 10 mil. Chegamos num ponto que temos professores doentes e que trabalham apenas para comer”, desabafou.

Em assembleia, os professores decidiram que, caso o salário do mês de fevereiro seja pago sem o aumento, a categoria vai entrar em greve por tempo indeterminado.

A atual presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB) e do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, Alana Patrícia de Araújo Silva, conta que hoje o piso salaraial pago é referente ao ano de 2020.

Ela disse ainda que, em 2021, a Prefeitura tinha uma folha de quatro milhões de reais e recursos de seis milhões. Hoje, segundo ela, a folha do município é de R$ 11 milhões e recurso de R$ 14 milhões. “Como essa folha cresceu tanto sem reajuste?”, questiona.

Os professores contrataram uma consultoria para analisar as contas do município e foram encontradas “incosistências”, como transportes que não eram realizados.

A secretária de Educação, Isla Meira Morgane, que assumiu a pasta há cerca de um mês e também é professora, disse que está procurando resolver os problemas. Segundo ela, o ônibus, provavelmente, vai voltar a rodar nesta semana. Sobre a estrada, ela disse que a Prefeitura informou que está chegando o maquinário para fazer a estrada externa e as vicinas do Vale.

“A gente sabe que para ter uma educação de qualidade todos os envolvidos precisam estar de mãos dadas. A Secretaria Municipal de Educação está de mãos dadas com alunos, professores e comunidade para que tudo que está ao nosso alcance seja resolvido”, disse.

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Juarez Santos

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